A PesteMárcio de Souza Bernardes style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Aos menos próximos das letras pode parecer que o livro A Peste, de Albert Camus, lançado em 1947, resume-se à narrativa de uma epidemia que assola a cidade de Oran. No romance que se tornou um clássico da literatura existencialista, a cidade acaba passando por uma longa e dura quarentena para o combate à doença, ao mesmo tempo em que, sitiada, isolada do resto do mundo, tem de lidar com seus mortos, com novos contágios, com o desemprego, com mudanças de hábitos e, sobretudo, com a descrença de muitos de seus cidadãos comuns, com a apatia de outros tantos e com a ganância de alguns que, mesmo em meio ao caos, se deliciam com A Peste e com ela fazem fortuna, como no caso da personagem do pequeno rentista que está sempre batendo de frente com os brigadistas. O narrador central e personagem chave é um médico que, no limite de suas forças, esmera-se para salvar vidas na esperança de que tudo passe. Mas não passa. ESQUECIMENTO COLETIVO O livro é recheado de passagens impactantes e frases que ficam ressoando nas mentes de quem as lê. Na primeira vez que a palavra Peste é pronunciada, o narrador é direto: "os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós.". E, assim, o narrador comenta que tanto as guerras quanto as pestes, apesar de se repetirem na história de formas trágicas, sempre pegam as pessoas desprevenidas. O romance é uma grande denúncia, penso eu, contra o esquecimento coletivo, contra a apatia do humano, contra o fato de pensar "isso nunca vai acontecer novamente", ou "isso não é tão grave assim". O OUTRO VÍRUS Se o leitor pensa que estou abordando este tema por conta da Covid-19, pode ter certa razão, mas não razão completa. Toda a literatura possui camadas mais profundas de interpretação. Aos mais próximos das letras, o livro A Peste é uma grande alegoria sobre a ocupação nazista na França. A Peste é a grande metáfora do ódio que contamina os corações em determinados períodos da história. Albert Camus denuncia isso. Cessada a epidemia, ou terminada a ocupação nazista, a apatia volta a reinar entre as pessoas. É disso que se trata: "cada um carrega consigo a peste, porque ninguém no mundo está a salvo (...) Sim, é bem extenuante estar infectado, mas mais extenuante ainda é lutar para não sê-lo". Assim como no livro, temos que ter a consciência de que "o bacilo da peste não morre nem desaparece". Cuidemo-nos, tanto do coronavírus, quanto do vírus do ódio. |
Efeitos da Democracia RealRony Pillar Cavalli style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Como a esquerda estava acostumada a governar sozinha e sem qualquer oposição e das poucas vezes que parecia não estar no poder, na verdade quem estava eram seus aliados, ao que parece achou que mesmo os eleitores brasileiros tendo dito um retumbante "não" aos seus projetos, que iriam continuar impondo sua forma de governar nas instituições. Engano, pelo menos em relação ao governo federal e suas instituições, é a direita que foi eleita e os eleitores outorgaram mandato ao Presidente Bolsonaro para implementar a sua plataforma e não a da esquerda derrotada. A esquerda parece uma criança mimada e baldosa que lhe tiraram o pirulito da boca. Cada ação do governo grita, chora, esperneia porque foram adotadas medidas com às quais não concorda. Esta semana vimos o Presidente escolher o novo Reitor da URGS e escolheu o terceiro da lista tríplice. Foi um choro só, pois "queriam" que fosse escolhido o mais votado. Desde a campanha eleitoral Bolsonaro afirmava não concordar com as gestões das universidades públicas, portanto não é nenhuma surpresa a mudança e sim, simplesmente, está cumprindo sua promessa eleitoral, o que também a esquerda não está acostumada, pois estelionato eleitoral é uma de suas marcas. MUDANÇAS NECESSÁRIOS É uma comoção nacional cada vez que alguém do governo fala que existem mudanças necessárias a serem feitas nas universidades. Podem não ser "balbúrdias", mas existirem "balbúrdias" nas universidades públicas é um fato e estas precisam ser combatidas. E antes que digam que eu não sei o que estou falando, de pronto afirmo que eu mesmo, pessoalmente, fui responsável por denunciar à atual Reitoria da UFSM, diretamente ao vice-reitor, a existência de cursinho preparatório, patrocinado pela UFSM, onde professores disseminavam material pornográfico e material com imagens do Presidente junto com a suástica nazista. A indicação pelo Presidente do terceiro colocado na lista tríplice está nas regras do jogo, pois acaso fosse obrigado a nomear o mais votado não haveria sequer necessidade da existência de listra tríplice. A lista tríplice para escolha de novos membros é prevista em várias instituições, sendo o caso do Quinto Constitucional para composição dos Tribunais nas vagas destinas à OAB e ao Ministério Público. Temos exemplo aqui de Santa Maria, que foi o caso do Desembargador Sérgio Achutti Blattes, nomeado em lista tríplice ao Tribunal de Justiça e escolhido pelo então governador Tarso Genro, mesmo não tendo sido o mais votado na lista, estando tudo certo, pois são as regras do jogo. |